Cliente: Privado

Tipo: Habitação

Localização:  Porto, Portugal

A casa de Manoel de Oliveira, na Rua da Vilarinha, freguesia de Aldoar, foi a sua morada durante 42 anos. Projectada pelo arquitecto José Porto, foi considerada uma referência arquitectónica desde cedo. Em 1978, Nuno Portas destacava-a como um dos primeiros exemplos em Portugal de valorização do espaço interior, pela continuidade dinâmica dos ambientes e pela forma como os acessos funcionam como espaços de transição, ao invés de meras ligações entre compartimentos. A experiência interna da casa era comparada a um “travelling” cinematográfico contínuo, um conceito inovador que viria a ser resgatado pela nova vaga da arquitectura nos anos 60. O facto de esta análise surgir quatro décadas após a construção reforça a relevância da obra e a sua influência nas gerações seguintes. O reconhecimento do seu valor levou à classificação como Monumento de Interesse Público em 2015, conforme descrito na Portaria 120/2015. Esta casa reúne o contributo de três grandes nomes do modernismo português: José Porto, autor do projecto arquitectónico, Viana de Lima, responsável pelo projecto de interiores, e Cassiano Branco, que desenhou os espaços exteriores. Em 1982, Alexandre Burmester foi responsável pela reabilitação da moradia para o novo proprietário, uma intervenção que lhe valeu o Prémio João de Almada. Posteriormente, a propriedade recebeu intervenções de Gonçalo Ribeiro Teles nos jardins e de Eduardo Souto Moura na piscina, ginásio e court de ténis. Forçado a vender a propriedade há mais de três décadas, Manoel de Oliveira não partiu sem documentar a sua despedida. Em “Visita ou Memórias e Confissões”, registou a relação com a casa e pediu que o filme fosse exibido apenas após a sua morte. A obra, um testemunho do seu olhar cinematográfico, reforça a importância desta casa, onde arquitectura e cinema se cruzam.

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